Recuperação de poços evita colapso hídrico em Campos Sales

Com a ativação dos poços, a vazão de água distribuída na cidade passa a alcançar quase 120 metros cúbicos por hora, volume suficiente para abastecer toda a cidade. Cerca de R$ 3 milhões foram investidos na ativação dos poços.

Uma complexa força-tarefa executada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), em parceria com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e a Superintendência de Obras Hidraúlicas (Sohidra), recuperou dois poços de quase 1000 metros de profundidade, existentes na cidade de Araripe, com o objetivo de abastecer cerca de 30 mil pessoas no município de Campos Sales. Dentre várias tentativas, essa é a primeira vez que os dois poços estão, simultaneamente, em operação, e distribuem água continuamente para Campos Sales.

Com a reativação dos poços em Araripe, conhecidos como pioneiros, Campos Sales conta agora com vazão de 120 metros cúbicos por hora, o suficiente para abastecer a cidade. Desse total, 100 metros cúbicos são provenientes dos poços pioneiros e outros 20 metros cúbicos, dos poços já instalados anteriormente pela Sohidra, nos bairros de Barro Branco, Aparecida e Batalhão.

As obras de recuperação dos dois poços pioneiros mobilizaram uma equipe composta por mais de 50 colaboradores dos órgãos envolvidos. Dentre as várias operações executadas na ação, destaca-se a complexa tarefa de manuseio dos equipamentos de grande extensão e peso, como bombas de mais de 30 toneladas, para cada poço, além do difícil processo de limpeza e desenvolvimento dos poços. A tentativa de reativar os equipamentos já vinha sendo realizada desde o início do agravamento da escassez hídrica.

Já os 20 poços perfurados anteriormente pela Sohidra, também foram executados com objetivo de evitar o colapso hídrico no município. À época, a força-tarefa incluiu perfuração de mais de 80 poços tubulares. Destes, apenas os 20 alcançaram vazão suficiente. No entanto, com o passar do tempo, estes poços foram perdendo vazão, assim, não estavam oferecendo nem mais 10% da água necessária para abastecer a cidade, que agora conta com o reforço dos poços pioneiros.

Além de tudo isso, a adutora é outro desafio para a operação. A complexidade do transporte da água é devido ao caminho longo, com mais de 50 km, passando por por terrenos alagados ou de difícil acesso. Por isso, diariamente são realizadas manutenções para evitar ocorrências de vazamentos na adutora.

Arilete Barros, coordenadora de Unidade de Negócios da Cagece

Para a coordenadora de Unidade de Negócios da Cagece, Arilete Barros, a reativação dos dois poços trará mais tranquilidade para Campos Sales “a população terá a garantia de água nas torneiras e com condições de abastecimento por longos períodos de tempo, especialmente porque teremos mais de uma fonte de captação. Os 20 poços profundos passarão a ser usados a curtos períodos de tempo, podendo completar o abastecimento da cidade numa emergência, além do manancial principal, o açude Poço da Pedra, que recarregou seis metros. Mas o principal é a segurança do abastecimento pelos poços pioneiros”, conclui.

Com a retomada da distribuição da água, a Cagece passa a observar a continuidade do abastecimento no município. Logo que concluídas as observações, o faturamento normal das contas de água será reestabelecido. A companhia suspendeu o faturamento desde junho de 2017, período em que o açude Poço da Pedra deixou de abastecer a cidade por encontrar-se seco.

Água que vem de longe

Os dois poços pioneiros, que hoje abastecem Campos Sales, ficam localizados em Araripe, a mais de 50 km de distância. Os equipamentos já estavam perfurados neste município, por isso, foram a solução encontrada pela Cagece para evitar o colapso hídrico em Campos Sales, cujo açude principal alcançou volume morto no ano passado.

Estes poços tubulares profundos foram construídos em 2001, pela Petrobras, com o objetivo de abastecer os municípios de Araripe, Campos Sales e Salitre. Entretanto, devido à profundidade e complexidade das operações, surgiram diversos problemas que provocaram a impossibilidade da operação. De lá pra cá, houve outras tentativas de utilizar os poços para o abastecimento de água, porém sem sucesso, até a recente ação da Cagece, Cogerh e Sohidra, que conseguiu instalar e operar os dois equipamentos ao mesmo tempo.

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