Apesar das chuvas dentro da média, Ceará ainda tem 63,2% do território com algum nível de seca

O Monitor de Secas do Nordeste apontou que o Ceará tinha, em maio deste ano, 36,76% do território sem seca relativa, ou seja, sem impactos negativos a curto e longo prazos. Apesar de indicar um dos melhores cenários desde 2014, quando teve início o processo de acompanhamento por meio da ferramenta, a situação ainda é de alerta, pois 63,24% do estado ainda possui algum nível de seca.

Conforme o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), meteorologista Raul Fritz, as chuvas deste ano e do ano passado, que ficaram em torno da média, ajudaram a melhorar o quadro de severidade da seca.

“As chuvas de 2018 tiveram uma contribuição muito importante para o cenário de maio deste ano, no centro-norte do estado, principalmente. Porém, essa região já mostrava-se com níveis reduzidos após o final da quadra chuvosa de 2017. Naturalmente, já no segundo semestre, em que praticamente não chove, a região encontrava-se seca porém nos níveis menos severos”, relata Fritz.

Ao comparar com os dados referentes ao mês de abril de 2018, a variação da área sem seca não foi tão significativa, saindo dos 36,82% para 36,73%. Considerando o recorte por níveis, pelo segundo mês consecutivo, o Ceará não apresentou nenhuma taxa do seu território classificado em seca extrema ou excepcional, que são os piores níveis.

Conforme o último mapa, a porção atingida pela seca grave, que é o terceiro em gravidade segundo o Monitor de Secas, engloba uma área de 2,82% do estado e está localizada no sudoeste do Sertão Central e Inhamuns. Já em 2017, no mesmo mês de maio, o Ceará tinha 41,88% do território sem seca, porém, possuía 4,65% com seca extrema e 30,84% com seca grave.

“O Ceará ainda tem boa parte do território com algum nível de seca porque, apesar deste ano ter sido o melhor dos últimos sete anos, ainda houve irregularidade na distribuição das chuvas pelo estado. Ocorreu um grande veranico em março e o mês de maio não foi bom, com exceção da região que acompanha o litoral. Também houve mais concentração de chuva este ano em determinadas áreas em detrimento de outras”, explica o pesquisador da Funceme.

Precisamos ter sempre um olhar para futuro, sempre pensando no contexto em que vivemos.

Eduardo Sávio

Presidente da Funceme

Economia de água

Apesar dos esforços do Governo do Ceará para manter a sustentabilidade dos recursos hídricos por meio de obras e ações, é preciso continuar a economizando água. Afinal, o Estado viveu um dos seus momentos mais críticos entre 2012 e 2016.

“Ainda não saímos dela [seca]. Infelizmente a primeira coisa que a chuva lava é nossa memória, porém, precisamos ter sempre um olhar para futuro, sempre pensando no contexto em que vivemos”, comenta o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins.

Conforme a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), os açudes cearenses estão com 16,4% do seu volume total. As chuvas de 2018 que caíram na bacia de contribuição do Açude Castanhão – o maior reservatório do Ceará e uma das maiores barragens de múltiplos usos do Nordeste – elevaram as suas reservas de 2,08% para 8,07%, entre fevereiro e o fim da quadra chuvosa.

Contudo, é necessário ressaltar que os níveis ainda são baixos, visto que o Castanhão é um reservatório estratégico não só para o Vale do Jaguaribe – onde estão várias cidades de porte médio e a maior área irrigada do estado –, como para a Região Metropolitana de Fortaleza. A capacidade total do Castanhão é de 6,7 bilhões de metros cúbicos.

“Dos 155 reservatórios monitorados pela Cogerh, ainda temos seis vazios. Mais de 80 deles estão abaixo dos 30%. Em dezembro de 2017 nós tínhamos 102 municipalidades em estado de emergência. Este é o tamanho da crise. Nós não vamos sair dela de uma hora para outra, somente se tivermos um ano excepcional [de chuvas] como em 2004 e 2009, por exemplo. Seca é um problema histórico da nossa região, do nosso estado. As marcas estão em nossa história”, reforça o gestor do órgão estadual.

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