Cogerh e UFC unem forças para implementar metodologia única de Alocação e Operação dos Recursos Hídricos

Garantir segurança hídrica em uma região semiárida, como o Ceará, exige além de conhecimento específico, uma metodologia forte e estruturada de trabalho, em acordo com os anseios dos diversos representantes da sociedade. Com pouco mais de 26 anos de existência, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado empenha esforços diários para estruturar um modelo sólido de gestão de águas, focado no fortalecimento da alocação negociada de água, um dos mais expressivos instrumentos de gestão da Companhia.

Unindo forças para alcançar esses objetivos, a Cogerh e a Universidade Federal do Ceará (UFC), discutiram na última semana as primeiras etapas do projeto conjunto, intitulado “Gerenciamento de Risco, Alocação e Operação do Sistema de Recursos Hídricos”, cujo desenvolvimento ocorre no âmbito do Termo de Cooperação Técnico-Científica firmado entre UFC e Cogerh, assinado em agosto passado.

Primordial na gestão dos recursos hídricos, a primeira etapa do projeto prioriza a segurança hídrica dos sistemas de abastecimento do Estado. “A segurança da infraestrutura hídrica está relacionada à segurança hídrica como um todo. Porque se falha a estrutura , falha o abastecimento e então falha a gestão”, comenta professor líder do projeto, Francisco de Assis de Souza Filho, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (DEHA) da UFC. O sistema de abastecimento Jaguaribe-Metropolitano foi o escolhido para o modelo do projeto. O complexo sistema de abastecimento engloba os reservatórios da região metropolitana, além do Castanhão, Orós e Banabuiú. “Uma vez formulado, normatizado e mapeados os riscos nesta estrutura, facilmente podemos empregar a mesma metodologia nos demais sistemas de abastecimento espalhados pelo Ceará”, exemplifica o professor.

 UFC e Cogerh

Entre as ações, parceria prevê construir um modelo de avaliação de riscos de desabastecimentos a partir da identificação de falhas estruturais, hidrológicas, entre outras

Grupos de trabalho específicos se reúnem sistematicamente para pôr em prática as etapas do projeto. A identificação dos riscos é prioridade nesta fase. “ Estamos tentando identificar os principais riscos de desabastecimento que poderiam ser oriundos por algum tipo de falha estrutural, falha hidrológica, hidráulica, eletromecânica ou geotécnica, seja na estação de bombeamento, seja no barramento. Estamos mapeando tudo e construindo um modelo de avaliação de riscos”, explica o professor referindo-se a etapa de execução do projeto.

O próximo passo, segundo o professor, é a criação de indicadores para cada um destes riscos, estabelecendo mecanismos de monitoramento. A Cogerh já monitora os riscos, como frisa o docente. ” A Cogerh faz isso de uma forma muito bem feito. O que a gente quer é olhar todas as estruturas e não só as que já vem sendo vistas e criar alguns indicadores mais globais, consolidando a metodologia. A ideia é apontar numericamente o risco de algum problema no abastecimento e monitorar os pontos de gargalo”, conclui o professor.

Paralelo ao grupo técnico de trabalho, outros grupos de cunho mais social também estão se estruturando, estes em parceria com Departamento de Sociologia da UFC. Além da Universidade, usuários de água e a Cogerh se organizam para mapear os conflitos e pensar no processo de normatização. Conforme especifica o contexto do projeto, “ a metodologia de Alocação Negociada de Águas teve que ir se adequando às dinâmicas sociais, hídricas e institucionais”. Dessa forma, ainda segundo a proposta apresentada, torna-se “relevante um estudo e análise da alocação de água no Ceará numa perspectiva de harmonizar procedimentos, definir riscos e incertezas, construir bases para a normatização da alocação negociada de água e instrumentalizar os gestores de recursos hídricos no processo de gestão de risco na alocação.

A expectativa é de que o projeto seja executado durante todo o ano de 2020 com conclusão prevista para até 2021. Até lá, o processo de normatização de Risco, Alocação e Operação do Sistema de Recursos Hídricos deverá ser concluído.

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