Pesquisa e inovação no enfrentamento à seca

Por: Caio Faheina

Não é de hoje que o Ceará é exemplo no que se refere à convivência com a estiagem. Para acentuar estratégias, pesquisa, inovação e tecnologia se unem para garantir água para os cearenses.

 

Num cenário de escassez hídrica que castiga o Ceará há mais de seis anos consecutivos, não só novas estratégias para gerir o pouco volume de água do Estado tiveram de ser pensadas. Foi preciso estimular novas tecnologias e somá-las a linhas de pesquisas para driblar maiores consequências desta estiagem — até então a mais prolongada da história.

Das quatro investigações relacionadas aos recursos hídricos cearenses desenvolvidas atualmente pela Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (Deha), duas contam com constante contribuição de técnicos dos órgãos de gestão hídrica do Estado: Clima e Hidrologia Superficial e Subterrânea e Gestão dos Recursos Hídricos. Outras duas, Águas Urbanas e Hidrodinâmica e Qualidade das Águas Superficiais, ainda estão sendo analisadas pela Academia.

“Essa relação (entre a universidade e os serviços do Estado) é mais direcionada à definição de cenários, principalmente para alocação de poços. Eles nos dão suporte em tomadas de decisões, em situações que levam em consideração aporte, demanda e oferta (dos recursos), pra gente saber o que tem de ser feito em relação a determinado manancial”, explica o diretor de planejamento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Ubirajara Patrício.

Para escolher onde alocar novos poços, que serão distribuídos por todo o território cearense, por exemplo, os órgãos de gestão hídrica do Estado, como a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), além da própria Cogerh, utilizam a tecnologia mais moderna para esse tipo de intervenção, tanto em solos sedimentares, quanto em cristalinos.

Chamada de eletrorresistividade, a técnica se baseia no mapeamento de solo a partir das propriedades elétricas dos materiais em subsuperfície. “Não se pode escolher um lugar e perfurar. Tem de fazer um estudo geofísico, e essa técnica, apesar de já ser reconhecida (na geologia) há muito tempo, é a mais moderna”, justifica Patrício.

Pela dupla perversidade da seca, que minimiza não só a quantidade, mas a qualidade da água (geralmente associada ao aumento de fósforo – P), é preciso otimizar a gestão da demanda e da oferta do recurso.

De acordo com o professor do Deha, Francisco Diassis de Souza Filho, não existe uma solução homogênea para a crise hídrica no semiárido cearense. “O que tem de ser feito é melhorar a eficiência do uso da água, fazer mais com menos. A nossa aposta não é somente na melhoria tecnológica, mas no manejo, na forma como se aplica a água”, ensina.

E é isso que está sendo posto em prática pelo Governo do Ceará. Com recursos da Agência Nacional das Águas (ANA) e envolvimento do Banco Mundial, além da participação de consultores americanos com expertise em recuperação de qualidade da água, a Cogerh iniciou, no início de 2016, um projeto de análise qualitativa dos volumes dos açudes Castanhão, Pentecoste e Gavião.

Os reservatórios são açudes-pilotos na tentativa de retomar as propriedades adequadas das águas. “O objetivo é expandir o método para outros reservatórios, mas ainda estamos em fase de levantamento de dados, pesquisando o histórico do monitoramento qualitativo e quantitativo desses reservatórios”, projeta o gerente de Desenvolvimento Operacional da Gogerh, Walt Disney Paulino.

 

 

Num cenário de escassez hídrica que castiga o Ceará há mais de seis anos consecutivos, não só novas estratégias para gerir o pouco volume de água do Estado tiveram de ser pensadas. Foi preciso estimular novas tecnologias e somá-las a linhas de pesquisas para driblar maiores consequências desta estiagem — até então a mais prolongada da história.

Das quatro investigações relacionadas aos recursos hídricos cearenses desenvolvidas atualmente pela Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (Deha), duas contam com constante contribuição de técnicos dos órgãos de gestão hídrica do Estado: Clima e Hidrologia Superficial e Subterrânea e Gestão dos Recursos Hídricos. Outras duas, Águas Urbanas e Hidrodinâmica e Qualidade das Águas Superficiais, ainda estão sendo analisadas pela Academia.

“Essa relação (entre a universidade e os serviços do Estado) é mais direcionada à definição de cenários, principalmente para alocação de poços. Eles nos dão suporte em tomadas de decisões, em situações que levam em consideração aporte, demanda e oferta (dos recursos), pra gente saber o que tem de ser feito em relação a determinado manancial”, explica o diretor de planejamento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Ubirajara Patrício.

Para escolher onde alocar novos poços, que serão distribuídos por todo o território cearense, por exemplo, os órgãos de gestão hídrica do Estado, como a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), além da própria Cogerh, utilizam a tecnologia mais moderna para esse tipo de intervenção, tanto em solos sedimentares, quanto em cristalinos.

Chamada de eletrorresistividade, a técnica se baseia no mapeamento de solo a partir das propriedades elétricas dos materiais em subsuperfície. “Não se pode escolher um lugar e perfurar. Tem de fazer um estudo geofísico, e essa técnica, apesar de já ser reconhecida (na geologia) há muito tempo, é a mais moderna”, justifica Patrício.

Pela dupla perversidade da seca, que minimiza não só a quantidade, mas a qualidade da água (geralmente associada ao aumento de fósforo – P), é preciso otimizar a gestão da demanda e da oferta do recurso.

De acordo com o professor do Deha, Francisco Diassis de Souza Filho, não existe uma solução homogênea para a crise hídrica no semiárido cearense. “O que tem de ser feito é melhorar a eficiência do uso da água, fazer mais com menos. A nossa aposta não é somente na melhoria tecnológica, mas no manejo, na forma como se aplica a água”, ensina.

E é isso que está sendo posto em prática pelo Governo do Ceará. Com recursos da Agência Nacional das Águas (ANA) e envolvimento do Banco Mundial, além da participação de consultores americanos com expertise em recuperação de qualidade da água, a Cogerh iniciou, no início de 2016, um projeto de análise qualitativa dos volumes dos açudes Castanhão, Pentecoste e Gavião.

Os reservatórios são açudes-pilotos na tentativa de retomar as propriedades adequadas das águas. “O objetivo é expandir o método para outros reservatórios, mas ainda estamos em fase de levantamento de dados, pesquisando o histórico do monitoramento qualitativo e quantitativo desses reservatórios”, projeta o gerente de Desenvolvimento Operacional da Gogerh, Walt Disney Paulino.

 

Tecnologias

Portal Hidrológico em smartphone

Outras práticas já estão sendo utilizadas ou testadas em paralelo à gestão dos recursos hídricos cearenses.

O uso do datalogger (registrador de dados, em tradução livre), por exemplo, é aplicado para acompanhar os aquíferos, coletando informações diárias que podem ser descarregadas em aparelhos eletrônicos, como notebook. “Não é só a perfuração do poço que soluciona a oferta, é preciso fazer o monitoramento”, reafirma Patrício.

Além disso, o diretor de planejamento acrescenta um sistema de informações on-line, desenvolvido pela Cogerh com apoio da ANA, que observa, em tempo real, o nível do açude Castanhão, na Bacia do Médio Jaguaribe, até a Região Metropolitana.

Estudos sobre a dessalinização da água do mar também estão sendo desenvolvidos. O governador Camilo Santana, inclusive, visitou Dubai em janeiro último para verificar os processos da maior usina de dessalinização do mundo, a italiana Fisia Italimpianti.

Porém, o chefe do Executivo ressaltou que a UFC, por meio do Departamento de Integração Acadêmico Tecnológico (Diatec), apresenta projeto mais rentável, em relação à empresa estrangeira, para tornar a água do mar potável.

De acordo com a Cagece, o valor do metro cúbico da água dessalinizada da estrutura internacional é de cerca de U$$ 1 (R$ 3,20). Já os estudos da universidade cearense, que consiste numa planta de dessalinização offshore (no mar), que utiliza energia solar, mostram custos em torno de R$ 0,13 por m³. A água que é consumida atualmente, não dessalinizada, custa R$ 0,90 por m³.

O Portal Hidrológico é outra engenharia, de parceria da Funceme com a Cogerh, que consolida um boletim diário sobre a situação hídrica dos 153 açudes cearenses monitorados pelo Estado, distribuídos em 12 bacias hidrográficas. “De posse destas informações, é possível tomar a decisão com mais agilidade onde a crise (hídrica) está mais aguda”, acentua Patrício.

O site funciona desde 2013 e é forte aliado nas reuniões dos técnicos de órgãos hídricos do Grupo de Contingência — comitê que se reúne desde 2015 para melhor traçar estratégias de convivência com a seca em cada município do Estado.

No campo das pesquisas, segundo o diretor de planejamento, está sendo desenvolvida ainda “uma experiência de ponta, a primeira do Nordeste”, relativa à captação de água subterrânea. Em vez de furos verticais para a sucção, o estudo pretende fazer um furo direcional e horizontal. “Assim, uma perfuração horizontal substitui várias verticais”, distingue.

Apesar de todos os esforços estarem voltados para as inquietudes da estiagem, o professor Diassis alerta sobre os próximos cenários de seca no Ceará, estado que já tem histórico quando se fala em falta d’água. “É preciso olhar para o futuro, não somente tomar decisões emergenciais. Mas, por ora, o que tem de ser feito pelos gestores está sendo feito”, aponta.

Saiba Mais

Recém-inaugurado, o aproveitamento do aquífero do Pecém também possui inovações. É o primeiro projeto de captação de poços para múltiplos usos. A intervenção permite que haja redução no envio de águas do Castanhão para o Complexo Industrial Porto do Pecém (Cipp), fazendo com os recursos hídricos daquela região sejam utilizados tanto pelo complexo, como para reforçar o abastecimento do município de São Gonçalo do Amarante e distritos próximos.
A Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), ligada à Secretaria de Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), financia, atualmente, cinco projetos que estudam possibilidades de uma melhor convivência com a seca.
Dentre os objetivos dos programas estão: gerar medidas de conservação das doze bacias hidrográficas do Estado, investigar o impacto do clima nos processos geofísicos e o manejo do solo no semiárido cearense, além de desenvolver kits de irrigação localizada familiar, por exemplo.

Atendimento à Imprensa

Governo do Ceará

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